Uma pesquisa conduzida com ratos na Universidade Federal de Santa Catarina mostra a relação entre pressão alta e apneia obstrutiva do sono, uma condição grave na qual paradas respiratórias de 10 a 30 segundos ocorrem repetidamente enquanto a pessoa dorme. Se a hipertensão arterial decorrente da apneia não for tratada, ela pode alterar os batimentos cardíacos, causar infarto e mesmo morte prematura.

 

O estudo é um dos 55 cujos resultados preliminares estão sendo explicados até sexta-feira (08/07), no auditório da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina). Juntos, os trabalhos científicos vem recebendo R$5 milhões em investimentos do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da FAPESC, parceiros no PPSUS (Programa de Pesquisas para o SUS).

 

O estudo desenvolvido na UFSC simula apneia em ratos mediante a redução periódica do nível de oxigênio – de 20% para 8% — dentro de uma caixa vedada onde os animais são colocados. “Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pelo comitê de ética da UFSC”, pondera o Prof. Daniel B Zoccal, do Centro de Ciências Biológicas. Ele acrescenta que aquela diminuição no oxigênio faz aumentar a pressão arterial dos ratos de 12 por 8 – considerada normal também em humanos – para 13 por 9. “Parece ser pouco, mas isso já caracteriza hipertensão arterial”, diz Zoccal.

 

Esta pressão alta é agravada pelo fato de que os pacientes de apneia obstrutiva do sono geralmente são obesos, sedentários, podem ser diabéticos ou se tornar diabéticos se tiver predisposição à doença, pela associação de fatores envolvidos no seu distúrbio do sono. Não há estatísticas da quantidade de brasileiros que sofrem de apneia, mas entre os norte-americanos ela afeta aproximadamente 5% da população. Muitos nem desconfiam que tem a doença.

 

Ter dificuldades de raciocínio, ficar estressado e excessivamente sonolento são alguns dos sintomas deste distúrbio do sono sentidos durante o dia. E há coisas que passam despercebidas do paciente à noite: “todo mundo que tem apneia ronca, mas nem todo mundo que ronca tem apneia”, afirma Zoccal. “Demora até o indivíduo se conscientizar de que precisa dormir num hospital para fazer um teste e diagnosticar que realmente sofre de obstrução das vias aéreas enquanto dorme.” Esta alteração na respiração aumenta a pressão, mas grande parte dos portadores de apneia não respondem a tratamentos convencionais com medicamentos anti-hipertensivos, segundo o farmacêutico que também é professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSC.

 

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A hipertensão arterial é investigada desde o século XVIII, mas suas causas ainda são misteriosas. Por isso a pesquisa desenvolvida na UFSC é promissora. “Diante dos resultados, achei-a bastante próxima de ter um aproveitamento rápido no que se refere à modelagem em seres humanos e a aumentar a eficácia do tratamento da hipertensão arterial”, salienta Flávio Magajeuski, da Vigilância Epidemiológica da SES. Ele acrescenta: “estamos diante de um projeto surpreendente, financiado com valores relativamente baixos.”

 

 

Magajeuski acompanhou as apresentações das conclusões preliminares do PPSUS, um programa nacional criado para resolver os problemas prioritários de saúde da população e melhorar a gestão no SUS. Os resumos são feitos em meia hora, entre as 9 e as 19hs, até sexta-feira, no sexto andar do prédio do Celta, ParqTec Alfa, km, 1 da SC 401 bairro João Paulo, Florianópolis.

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Informações adicionais sobre o PPSUS com Fernanda Beduschi Antoniolli, fone 32 15 12 18, e-mail fernanda@fapesc.sc.gov.br. Sobre a pesquisa da UFSC, fale com Daniel Zoccal no 99 45 17 96.