Uma pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) vem apontando certas frutas como alternativas economicamente viáveis para substituir a cultura do fumo em pequenas propriedades familiares. Os primeiros maracujás foram colhidos no dia 30 de janeiro em Jaguaruna. Lá também foram plantadas mudas de uva, frutos cítricos, goiaba e banana no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

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Acima, primeiros maracujás colhidos por conta deste projeto, em 30/01/2014.

 

“O estado geral deste primeiro experimento está ótimo: as plantas de todas as cinco frutíferas estão se desenvolvendo bem, mostrando que as terras de areias quartzozas do litoral sul de Santa Catarina podem ser utilizadas para fruticultura, desde que recebam irrigação. O sistema de irrigação é o mesmo utilizado nas terras áridas de Israel, por gotejamento, já que 90% da água é utilizada pelas plantas”, conclui o Eng. Agrônomo Márcio Sônego, Pesquisador em Agrometeorologia e Fruticultura Tropical da Epagri. “Por enquanto, as videiras são deixadas a crescer livremente, sem produção, para que no inverno se faça a poda e se possa fazer a primeira colheita ainda em dezembro.” Segundo Sônego, as goiabeiras, bananeiras e os cítricos estão em fase inicial de crescimento, com previsão de colheita para 2015.

 

Menos fumantes

“Há uma grande expectativa por parte dos pesquisadores e produtores de fumo que usam solos arenosos quanto aos resultados do nosso projeto”, afirma o engenheiro agrônomo. As areias quartzozas estão presentes em 43.480 hectares de 13 municípios da faixa mais litorânea do Sul Catarinense, onde a combinação de solo arenoso, relevo plano e clima ensolarado criam um potencial para a produção de frutas. Na região, as atividades econômicas mais comuns são a pastagem, o reflorestamento e o cultivo de fumo.

 

A produção de fumo em estufa rende o maior valor de produção bruta. Estima-se que em 2011 havia 37.000 hectares com tabaco no litoral sul de Santa Catarina, porém esse cultivo vem diminuindo. Os governos de mais de 120 países já assinaram a Convenção Quadro para o Controle de Tabaco, comprometendo-se em estimular a redução do consumo de cigarros e similares e, a substituição do cultivo do tabaco por outras atividades rentáveis a famílias de agricultores no meio rural.

 

O governo estadual vem auxiliando na busca de alternativas ao cultivo de fumo, e repassou R$80 mil ao projeto “Fruticultura como alternativa à produção de fumo em solos do tipo Neossolo Quartzarênico do Litoral Sul de Santa Catarina”. O projeto foi escolhido pela Fapesc por meio da Chamada Pública Universal 04/2012, que também contempla a instalação de equipamentos para o monitoramento agroclimático daquela área litorânea.

 

Com o apoio, passaram a se dedicar ao projeto seis pesquisadores da Estação Experimental da Epagri em Urussanga – mestres e doutores em agrometeorologia, irrigação, fitopatologia, enologia, microbiologia e física do solo, que já trabalham com fruticultura especialmente no interior da região. “A equipe de pesquisa da Estação Experimental de Urussanga já discute a introdução de novas espécies frutíferas para avaliação, em novo projeto de pesquisa a ser formulado”, conclui Sônego.

Informações adicionais com Márcio Sonego, e-mail sonego@epagri.sc.gov.br,
Fone (48) 3465-1209.