É possível baixar a pressão diminuindo o consumo de sal. E para a comida não ficar insossa, basta usar ervas aromáticas como tempero. Ambas as conclusões decorrem de um estudo em andamento na UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí), com recursos do PPSUS (Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde).

Com término previsto para o final de 2011, o estudo já resultou numa cartilha com dicas para hipertensos seguirem uma dieta pobre em sal e com receitas de baixo custo, por exemplo frango de panela com alecrim. Outras ervas, como salsa, cebolinha, louro e orégano dão sabor aos pratos e podem ser cultivadas em hortas domésticas. Sementes destas plantas foram distribuídas nos encontros promovidos na Cozinha Pedagógica da UNIVALI.

Mobilizar a população para quatro encontros não foi fácil, segundo a Prof. Márcia Reis Felipe, que coordena a equipe interdisciplinar envolvida no estudo. “Nós enviamos convites a todos os hipertensos adultos cadastrados na Unidade Básica de Saúde de Itajaí, telefonamos e fomos de casa em casa”, lembra a nutricionista, que iniciou o trabalho há um ano e meio, com 58 pessoas entre 41 e 86 anos. Do total, 87% eram do sexo feminino, o que se explica porque mulheres vão mais a postos de saúde e demonstram maior interesse sobre o tema, segundo a Prof. Márcia. “Nós ensinamos as pessoas a identificarem alimentos industrializados ricos em sódio, como picles, salsichas, carne seca e sopas prontas”, acrescenta ela, lembrando que o sal em excesso não é resultado apenas de sua adição à comida caseira.

O consumo de sal entre os participantes da pesquisa foi inicialmente estimado em 14 gramas por dia, quase 3 vezes o teor recomendado, mas diminuiu aparentemente com o uso de ervas para temperar alimentos. “Houve uma redução significativa da pressão arterial 3 meses após a última oficina”, salienta a professora, que coordena o curso de Nutrição na UNIVALI. Ela cita benefícios adicionais: “pessoas obesas ou desnutridas passaram a ter peso normal. E elas vão levar este conhecimento para casa.”

Adotar uma dieta pobre em sódio ajuda hipertensos a tomar menos remédios de controle e a faltar menos ao trabalho por causa da pressão alta. Para conscientizar mais gente, a cartilha atualmente distribuída nas unidades de saúde de Itajaí deve ser disponibilizada na internet. Profissionais de saúde também serão capacitados para orientar pacientes hipertensos sobre a ameaça do sal com base nas conclusões deste estudo, apresentado na Jornada Catarinense de Nutrição Funcional e em outros eventos.

Esta investigação científica é uma entre as 55 cujos resultados preliminares estão sendo apresentados ao público até sexta-feira (08.07) no auditório da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina), no Parqtec Alfa, Bairro João Paulo, Florianópolis.

Juntas, as pesquisas vão custar R$5 milhões em recursos públicos, um valor recorde na história do PPSUS, que começou em 2003 com R$600 mil. O Ministério da Saúde coordena o programa nacionalmente e entra com R$3 milhões. Um milhão veio da Secretaria de Estado da Saúde e outro, da FAPESC.