Um projeto da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina) vai estudar a ligação entre consumo de energia, alimentos e água no Brasil, no âmbito das estratégias para atenuar as mudanças climáticas. A pesquisa será realizada em parceria com a Universidade de Cambridge e a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e receberá apoio do Fundo Newton e da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).

O projeto consiste em três workshops internacionais, sendo dois em Cambridge e um no Brasil. Também será realizada a conferência internacional Links 2015, chamada entre 22 e 24 de setembro, na unidade da UNISUL do centro de Florianópolis. As inscrições devem ser feitas até 31 de agosto, e a programação já pode ser consultada. Ao longo de 2015, o grupo irá criar a base para uma colaboração de longo prazo que contribuirá para o entendimento e a integração das ações nessa área (de natureza legal ou política). Seu objetivo é amenizar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável no Brasil, com foco no uso de energia, alimentos e água.

Cambridge 1 menor

A ideia é unir as capacidades qualitativas e quantitativas de pesquisa das três universidades e estabelecer uma colaboração sólida, com base no compartilhamento de métodos desenvolvidos nos três institutos de pesquisa. Em 2014, os pesquisadores britânicos Jean Francois Mercure e Pablo Salas visitaram Florianópolis para apresentar trabalhos na Conferência Internacional do Projeto REGSA (Geração de Energia Renovável na América do Sul), organizada por Baltazar de Andrade Guerra (UNISUL). Em setembro do mesmo ano, Guerra foi convidado para apresentar sua pesquisa na Universidade de Cambridge. “Um mês depois, a chamada RCUK-CONFAP Fundo Newton foi lançada, e todos eles decidiram participar como um grupo, para fortalecer a relação entre o Departamento de Economia da Terra da Universidade de Cambridge e o Brasil”, conclui Mercure.

A maior contribuição dos pesquisadores de Cambridge no projeto é sua experiência no uso de plataformas de modelagem para estudar os efeitos das políticas para atenuar as alterações climáticas. “O processo de criação de novas políticas começa com a análise da situação atual, incluindo aspectos legais, políticos, econômicos e ambientais. A eficácia da política é algo difícil de avaliar, e o projeto tem objetivo de criar diretrizes para trabalhos futuros neste ramo, como traçar políticas eficientes para amenizar as mudanças climáticas no Brasil”, afirma Mercure.

Os parceiros brasileiros, além de disponibilizar conhecimento sobre assuntos locais, irão aprender a usar plataformas computadorizadas desenvolvidas em Cambridge para estudar temas de energia específicos e ajudar a desenhar o conteúdo das iniciativas políticas. Dessa forma, a pesquisa assume importância nas decisões políticas, que poderiam ter impacto na qualidade de vida em áreas rurais e em comunidades de baixos rendimentos. “Através de uma análise dos contextos legais e de governança, eles vão detalhar as políticas reais e potenciais de mitigação para o Brasil, facilitada através de uma estreita colaboração com os especialistas locais, com “insights” sobre os desafios e oportunidades locais”, explica Andrade Guerra.

O Fundo Newton é uma iniciativa do governo britânico para aumentar a cooperação em pesquisa e inovação com países emergentes. No Brasil, serão aplicados 9 milhões de libras esterlinas por ano, por um período de três anos, somando mais de 33 milhões de reais. Em 2014 foi lançada a primeira chamada do Fundo Newton no Brasil, parceria entre o RCUK (Conselho de Pesquisa do Reino Unido) e o CONFAP (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), do qual faz parte a FAPESC. O primeiro edital disponibilizou ao todo R$ 24 milhões.

Fonte: Jéssica Trombini – FAPESC