Estudar a fadiga muscular em ciclistas e triatletas foi a proposta de estudos de Fernando Diefenthaeler, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) financiada por meio do edital Universal da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina). Executada durante dois anos, a pesquisa já deu origem a um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), uma dissertação de mestrado e um resumo enviado para evento científico. Os dados obtidos resultarão em dois artigos para periódicos internacionais.

“A fadiga é um fenômeno complexo que pode ser descrito como a incapacidade de manutenção de um determinado nível de força, causando uma redução no desempenho e podendo levar à interrupção do exercício”, diz Diefenthaeler. Ela pode ser chamada de fadiga central (quando ocorre no sistema nervoso central) e envolve a geração e a transmissão dos impulsos nervosos até as junções neuromusculares; ou de fadiga periférica (quando ocorre nos músculos), que ocorre em função da queda na capacidade de transporte de oxigênio, do excesso de lactato sanguíneo, entre outros.

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O projeto identificou como acontece o processo de fadiga durante a simulação de situações reais de competição, para traçar estratégias que minimizem suas consequências. De acordo com o coordenador da pesquisa, “o processo de fadiga muscular, seja de natureza central, periférica, ou ambas, possui uma ampla repercussão no ciclismo, uma vez que as modificações que ocorrem na condução do estímulo nervoso e na placa motora provocam prejuízos no desempenho durante competições”.

Durante o estudo, foram feitos três dias de testes com 30 atletas competitivos, sendo 15 ciclistas e 15 triatletas, com duração de duas horas. No primeiro dia, foi feito um teste em cicloergômetro para verificar o consumo máximo de oxigênio, limiares fisiológicos e a potência máxima alcançada pelo atleta. No segundo dia, eram realizados testes neuromusculares (contrações voluntárias máximas e contrações induzidas eletricamente) e o teste de ciclismo específico. Nesta etapa foram analisadas variáveis fisiológicas (frequência cardíaca, concentração de lactato e consumo de oxigênio), variáveis bioquímicas (Cortisol, Testosterona e LDH) e percepção subjetiva de esforço, entre outras.

Nesses dois dias, cada um dos atletas pedalou em períodos longos com potência alta e constante (30 minutos de duração a 90% do segundo limiar de lactato), intercalados com sprints de curta duração (15 segundos a 150% da potência máxima) e um esforço máximo durante a fase final da simulação. Os sprints são arranques por um curto período de tempo, com o objetivo de tomar a liderança da competição tentando deixar para trás os oponentes. Eles ocorrem várias vezes durante uma competição, e nesses momentos os atletas atingem velocidades acima de 60 km/h. No terceiro dia de testes, foi simulada uma prova de contra-relógio, na qual o atleta pedala para cobrir uma distância no menor tempo e em ritmo constante.

O estudo comparou os efeitos da fadiga nas duas condições, e os resultados mostram que não há diferença no processo de instauração da fadiga nas duas situações. Além disso, segundo Diefenthaeler, o processo acontece de modo parecido em atletas de qualquer modalidade, porém, em relação a ciclistas e triatletas, a diferença pode estar na especificidade da modalidade praticada: “os ciclistas levam vantagem em relação aos triatletas em função do maior volume de treino, por exemplo, tempo e distância percorrida por semana. Triatletas dividem o seu tempo de treino entre as três modalidades que compõem o triatlo (natação, ciclismo e corrida), enquanto ciclistas apenas pedalam. Essa diferença na especificidade do treinamento observada entre ciclistas e triatletas favorece os ciclistas para retardar e/ou minimizar o processo”.

Jéssica Trombini

Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC

Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – CONFAP

(48) 3665-4832

12.03 Governo estadual apoia estudo sobre fadiga em ciclistas e triatletas