No dia 28 de novembro, será inaugurada a estação meteorológica automática de Jaguaruna, que faz parte do projeto “Fruticultura como alternativa à produção de fumo em solos do tipo Neossolo Quartzarênico do Litoral Sul de Santa Catarina”. A instalação dos aparelhos meteorológicos é a 13ª etapa de execução da proposta, que tem apoio da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do estado de Santa Catarina) por meio do programa de pesquisa Universal, que contempla todas as áreas do conhecimento. No mesmo dia acontece o dia de campo sobre fruticultura irrigada e mandioca. Os eventos acontecem a partir das 14h. 

O objetivo da estação meteorológica é melhorar a qualidade dos estudos desenvolvidos no Campo Experimental de Agricultura de Jaguaruna da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). Segundo o pesquisador Márcio Sônego, “a estação meteorológica é ferramenta importante no desenvolvimento da agricultura naquele ambiente, pois os dados meteorológicos até então coletados são em municípios distantes da faixa litorânea.” Ela indicará em tempo real temperatura do ar, umidade relativa, vento e radiação solar, e os agricultores saberão, por exemplo, a necessidade ou não de irrigar as plantações. Os dados podem ser acessados gratuitamente na página www.ciram.com.br.

Mudança de cultivo

De modo mais amplo, a finalidade do projeto de Sônego é tornar a fruticultura uma alternativa de produção agrícola nos solos arenosos do Litoral Sul de Santa Catarina, de forma sustentável nos planos social, econômico e ambiental. “A combinação de alguns fatores de solo e clima projeta boas perspectivas para a produção de frutas na região, a saber: solo arenoso sem problemas de alagamento; relevo plano que favorece a mecanização; incidência de 2.200 horas de brilho solar, fator fundamental na produção de frutas de qualidade, entre outros”, explica o pesquisador.

fruticultura - maracuja - amrcio sonego
Experimento das frutíferas mostrando o maracujazeiro irrigado

Nessa região, o fumo é uma das mais importantes atividades agrícolas, ocupando 37 mil ha em 13 municípios do sul do estado, enquanto a fruticultura ocupa apenas 10 mil ha. Os dois tipos de cultivo são típicos da pequena propriedade (58% têm menos de 10 ha) e ocupam principalmente a mão-de-obra familiar rural. Os produtores buscam uma alternativa de renda por conta da pressão da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, tratado internacional de 2003, adotado por 179 países, que determina o controle do tabagismo na produção, propaganda e comércio. 

Além disso, os governos signatários devem se preocupar com esses produtores, que ao serem encorajados a deixar a atividade devem ser guiados a uma nova alternativa de renda que mantenha o sustento da pequena propriedade rural.

Segundo Sônego, “nota-se uma preocupação de muitos agricultores em converter a sua propriedade de produtora de fumo para produtora de alimentos. Esta mudança parece aumentar a autoestima do produtor e de sua família”. Outra vantagem da fruticultura é que a atividade tem alto retorno econômico em pequenas áreas, mostrando-se uma boa alternativa de renda ao cultivo de fumo. Quanto mais produtores frutícolas na região, maior a facilidade para a organização do setor e para a comercialização. Já há casos de produtores que mudaram seu cultivo de fumo por flores, morangos e maracujá azedo.