A coordenadora de projetos Iara Dreger, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), lançou neste ano o livro “Biogás: contribuição eco-econômica: produção compartilhada ou condominial de biogás para pequenas propriedades rurais”. A obra tem origem num estudo realizado em 2006 na microbacia hidrográfica de Lajeado dos Fragosos, para uma dissertação de mestrado na Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, Alemanha. A publicação do livro vem na esteira dos trabalhos realizados com biogás na FAPESC junto ao Governo do Estado, que devem levar à criação de um Marco Legal do Biogás para Santa Catarina.
O livro busca fazer uma proposta ecológica-econômica para a destinação dos dejetos da suinocultura, além de estudar sobre vegetais energéticos regionais como cossubstrato para a biodigestão. O foco é a inovação de arranjo sustentável e econômico em sistema compartilhado ou condominial de produção de biogás (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras), somada à avaliação de tecnologias e de eficiência de produção. A proposta visa benefícios socioambientais e geração de renda, sugere destinos ecologicamente corretos e economicamente eficientes do efluente final do processo e traça um paralelo entre as tecnologias para a biofermentação adotadas atualmente no Brasil e na Alemanha.

Por se tratar de uma análise de caráter estrutural, os dados podem ser considerados atuais, o que justifica a sua publicação no seu contexto original. A pesquisa é precursora à homologação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), de 1°de março de 2016, quando aprimorou a Resolução Normativa nº 482/2012 que criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica e a Geração Distribuída Compartilhada, possibilitando que diversos interessados se unam em um consórcio, cooperativa ou condomínio para a geração e o consumo de eletricidade.
A área pesquisada fica na região do Alto Rio Uruguai e tem como principal produção a suinocultura, produzindo mais de 133 mil m³/ano de efluentes, que são armazenados em esterqueiras abertas e destinadas à biofertilização de lavouras. Se aplicados nos 440hectares agricultáveis da microbacia, processam 303 m³/ha/a de dejetos, contrapondo-se à Instrução Normativa Estadual N-11 que estipula 50 m³/ha/a como capacidade máxima de absorção do solo desses efluentes, também considerados como biofertilizantes. “Tais práticas de armazenamento e de destino da biomassa acarretam conseqüências ambientais como a emissão de metano, odores, saturação do solo, contaminação de corpos d’água, com negativas consequências sociais e econômicas”, explica a pesquisadora.
Como solução, o estudo propõe a implantação de uma unidade cooperada e centralizada de biogás, ou usina, com dejetos enriquecidos com vegetais energéticos da lavoura, ou forrageiras. A produção de biogás é suficiente para suprir a demanda de energia das propriedades envolvidas e dispõe de capacidade para exportar o excedente de até três vezes o volume da demanda energética da região.
A pesquisa ainda avalia a relação custo-benefício destas propostas e prevê a expansão de empreendimentos dessa natureza para a grande região do Alto Rio Uruguai, sugerindo a criação de um polo de geração de energia renovável. O livro impresso está disponível para compra neste link, e o e-book pode ser acessado aqui. A autora é uma das representantes da FAPESC no Comitê SC Biogás, do qual fazem parte Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, da ALESC (Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina), como coordenadores políticos; pela FAPESC, como coordenadora técnica; por membros da FATMA (Fundação do Meio Ambiente), das Diretorias do Desenvolvimento Econômico e do Meio Ambiente da SDS (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável) e da Associação de Produtores de Energia de Santa Catarina. O grupo irá realizar até junho atividades de prospecção e pesquisa para elaboração de um Marco Legal do Biogás para o estado.
Fonte: Coordenadoria de comunicação da FAPESC