A equipe do projeto de extensão Educação para Transformação: meio ambiente, saúde e gênero, da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí), organizou em agosto um seminário para discutir a relação entre os fatores ambientais e saúde humana. O evento contou com mais de 500 pessoas e teve apoio da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) por meio do edital PROEVENTOS.
 

Professora Marcia Marian em seu discurso de abertura do seminário (foto: Divulgação)
Professora Marcia Marian em seu discurso de abertura do seminário (foto: Divulgação)

 
Liderado pela professora Marcia Marian Vieira, o grupo produziu um relato sobre o evento, as principais discussões e a importância desse debate:
De acordo com dados extraídos do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO – do ano 2015, constatou-se que, desde 2008, o Brasil se transformou no maior consumidor mundial de agrotóxicos, uma vez que são despejados nas lavouras brasileiras o equivalente a 5,2 litros de agrotóxicos, por pessoa, ao ano. Os resultados desse uso abusivo são diversos problemas que incluem, desde a saúde das pessoas (produtores e consumidores) até aqueles que afetam o meio ambiente, como a contaminação do ar, da água, de animais, entre outros, destruindo assim, a fauna e a flora, ou seja, a nossa biodiversidade. Atualmente, além de ser o campeão mundial no uso de venenos, o Brasil importa e permite a aplicação de produtos proibidos em outros países, sem falar na entrada ilegal de produtos.
Nesse sentido, vale destacar que realmente vivemos um momento histórico, no qual o capital precisa, com todas as suas forças e de forma voraz, apropriar-se dos bens da natureza, não se importando com as consequências advindas para as atuais e também futuras gerações. Hoje, isso faz com que o Brasil esteja cada vez menos preocupado com os hábitos alimentares e, consequentemente, com a saúde das pessoas e do ambiente. Com o constante crescimento da população mundial, a produção agrícola precisa se tornar cada vez mais eficiente ao longo dos anos, e é essa a principal justificativa para a fabricação e a comercialização de fertilizantes e agrotóxicos.
Atentos à essa realidade e com sede de mudança, a equipe do Projeto de Extensão Educação para Transformação tem como objetivo em suas atividades promover a seguinte reflexão: A referida justificativa pode ser usada como pretexto para a intoxicação dos seres humanos, do meio ambiente e também dos animais? O que dizer ainda do fato de vinte e dois (22), dos cinquenta princípios ativos mais empregados no Brasil, terem sido banidos em outros países? Será que o metabolismo dos cidadãos brasileiros é mais tolerante aos venenos? Ou serão as Instituições de Regulação Brasileiras mais tolerantes às pressões corporativas?
Hoje, a luta contra os agrotóxicos é pauta permanente e estratégica para muitos grupos que atuam na defesa da saúde pública e do fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS – de ambientes preservados e equilibrados, de povos e comunidades tradicionais, da segurança e soberania alimentar e nutricional, da agroecologia e da defesa dos direitos do consumidor. Convém lembrar que essa luta também está presente na sociedade civil organizada em diferentes grupos, em áreas distintas do conhecimento de instituições de ensino, extensão e pesquisa entre muitos outros.
 
Feira Ecosolidária:  Stand Mulheres agricultoras participantes do Projeto de Extensão e ONG Adequo (foto: divulgação)
Feira Ecosolidária: Stand Mulheres agricultoras participantes do Projeto de Extensão e ONG Adequo (foto: divulgação)

Nesse contexto, a universidade cumpre um papel importante na formação dos cidadãos que pensam em alternativas que respeitem o meio ambiente e promovam a saúde da população na medida em que sujeitos críticos e éticos possam contribuir para mudanças sociais. “A existência de um é a própria condição da existência do outro”. Sendo assim, contando com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), o Projeto de Extensão Educação para Transformação realizou, no dia 16 de agosto de 2016, no Teatro Adelaide Konder no campus de Itajaí da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) com o objetivo de proporcionar momentos de lazer e troca de conhecimentos e saberes tendo como propósito congregar pesquisadores, professores, profissionais ligados a agroecologia, acadêmicos e mulheres agricultoras para uma rica troca de informações e experiência sobre meio ambiente e saúde.
O evento contou com um público de aproximadamente 550 pessoas envolvendo mulheres agricultoras, estudantes de vários cursos e convidados. Após a aprovação do projeto de evento no edital Proeventos 2016 (FAPESC) foi realizado um convite através de cartazes e também por redes sociais. Antecipadamente, houveram 481 inscritos e no dia do evento mais 150 pessoas participaram do seminário sem inscrições prévias. O evento foi encerrado pela coordenadora do Projeto, Prof.ª Dr.ªMarcia Gilmara Marian Vieira agradecendo a presença de todos e enfatizando a importância do Seminário para todos os participantes envolvidos na luta por um mundo economicamente viável e sustentável.
O Projeto de Extensão Educação para Transformação: Meio Ambiente, Saúde e Gênero possui uma fanpage no Facebook para todos que tiverem interesse em acompanhar suas atividades, assim como novidades diárias sobre o contexto agroecológico, disponível no link: https://www.facebook.com/educacaoparatransformacao/.