Em 2017, professores da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí) vão lançar uma cartilha e um e-book com informações sobre a população do Haiti no estado, estimada em 30 mil pessoas. Aproximadamente 600 delas foram ouvidas em habitações coletivas, igrejas, lanhouses e outros locais, principalmente em Balneário Camboriú  e Itajaí. O aspecto mais negativo relatado pelos pesquisados foi o atendimento à saúde: eles reclamam da demora e da incompreensão no atendimento médico, do pouco esforço demonstrado para entendê-los, e denunciam preconceito e discriminação por serem estrangeiros.
“Ao conhecer quem é esse imigrante, podemos compreender suas dificuldades e encará-lo como igual, vencendo preconceitos”, disse o Prof. Marco Antonio Harms Dias, da UNIVALI. “Uma grande barreira é o idioma, tanto para comprar um remédio quanto para pedir emprego”, exemplifica o Prof. Jorge Hector Morella Junior, coordenador da pesquisa Imigrante Haitiano na Região da AMFRI (Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí): Aspectos socioeconômicos, indicadores de vulnerabilidade social e políticas públicas”, feita a partir de uma coleta de dados ao longo de um ano, com apoio da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina). Ambos aparecem na foto com a coordenadora de projetos desta Fundação, Chirley Beatriz Vieira.
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O estudo envolveu os cursos de Direito e Relações Internacionais da UNIVALI – o  último também coordenado pelo Prof. Jorge – e abordou aspectos variados como acesso a saúde, educação e habitação, fora hábitos cotidianos e de lazer. Seus resultados servem para atuação do poder público no acolhimento aos haitianos em SC, evitando eventuais problemas decorrentes de uma possível marginalização.
A tabulação dos questionários – aplicados na língua créole – indicou que mais da metade dos haitianos não tinha completado o ensino médio nem tinha visto de permanência. Quase 94% dos homens possuía carteira de trabalho e conseguira vagas como pedreiros, encanadores, eletricistas, pintores. Chama atenção que muitos conseguiram empregos por causa dos conhecimentos em francês, espanhol e inglês. Mais de 78% se locomoviam em bicicletas e o mesmo percentual dispunha de pelo menos um celular (bem mais que os 29% donos de computadores portáteis). Em geral, tinham como atividades de lazer o futebol (20%), a música (8,7%) e a televisão (8,5%).  Entre os motivos de terem se instalado em SC estão as sugestões de parentes e amigos que já residiam no estado (32%) e as oportunidades de trabalho (15%). Santa Catarina é o terceiro estado com maior contingente daquele país caribenho, após São Paulo e Paraná.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação da FAPESC