Está em fase de conclusão um estudo sobre a influência de diferentes exercícios físicos na saúde de idosos, coordenado pelo professor Ricardo Pinho, da UNESC (Universidade do Extremo Sul Catarinense). A pesquisa foi uma das 12 catarinenses selecionadas pelo PPSUS (Programa de Pesquisa para o SUS).
O PPSUS é um programa nacional e em Santa Catarina é realizado pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina), a Secretaria de Estado da Saúde e o Ministério da Saúde.

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Fotos cedidas pelo coordenador do projeto
O último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que há 22,9 milhões de idosos e 48,9% deles têm mais de uma doença crônica. Em Santa Catarina eles são cerca de 670 mil pessoas (10,5% da população). “Isso representa um dado preocupante para a saúde pública do estado.
Portanto, estabelecer políticas e ações efetivas na área da saúde que envolva o exercício, tanto para prevenção como para tratamento de doenças, é imprescindível para reduzir os problemas de saúde gerados pelo envelhecimento”, diz o pesquisador. A estimativa é de que nos próximos 20 anos a população idosa brasileira triplique, então, além da qualidade de vida, a prevenção de doenças pode contribuir ainda para reduzir os gastos públicos que essa população demanda.
“Durante o processo de envelhecimento, ocorre declínio progressivo dos processos fisiológicos, que constitui um fenômeno de preocupação, pois, de maneira progressiva, leva a uma diminuição da capacidade funcional, o que torna o idoso mais suscetível a desenvolver uma série de doenças”, explica Ricardo Pinho. O envelhecimento também está relacionado à perda da capacidade funcional da musculatura esquelética, comprometendo a realização de atividades cotidianas. “Estudar o envelhecimento é importante não só para compreender os mecanismos celulares envolvidos nesse processo biológico, mas também para estabelecer políticas e ações efetivas que possam reduzir os possíveis agravos gerados particularmente na senilidade”, justifica o professor.
Participaram da pesquisa 48 voluntários homens, de idade entre 60 e 80 anos, que foram divididos aleatoriamente em quatro grupos (12 pessoas em cada) conforme o tipo de treinamento: o primeiro grupo foi utilizado como controle (sem realização de treinamentos físicos); o segundo grupo fez treinamentos aeróbios de resistência muscular, o terceiro realizou treinamentos combinados de força com aeróbios na academia, e o último grupo treinamentos de força na água. A frequência dos exercícios foi de três vezes por semana, durante 12 semanas, com uma hora de duração por sessão. Nesse período, os participantes passaram por avaliações de composição corporal, estado atual de saúde e doença, aptidão física e parâmetros bioquímicos e nutricionais, a partir de entrevistas e exames laboratoriais.
No projeto, os pesquisadores focaram nas alterações bioquímicas relacionadas à sarcopenia, perda progressiva de massa e força muscular. Os resultados mostraram que a prática regular de exercícios promove mudanças bioquímicas que tornam o idoso menos sensível aos efeitos do envelhecimento, como a redução da força muscular, o aumento de mediadores inflamatórios sistêmicos, e o aumento do estresse oxidativo. “Os programas combinados que incluem exercício de força e exercícios aeróbios parecem exercer um efeito ainda mais significante sobre diversos parâmetros bioquímicos e indicadores de sarcopenia. Entretanto, as respostas de aptidão física e indicadores de atividades da vida diária do idoso decorrem independentemente do tipo de programa de treinamento, e sim de maneira dependente de uma prescrição adequada de exercício e da aderência e regularidade na sua prática”, explica o coordenador do projeto.
O estudo resultará em uma tese de doutorado, que será defendida em fevereiro de 2016, e na elaboração de dois artigos, que estão em fase de submissão em duas revistas estrangeiras:
Aging clinical and Experimental Research e Age and Ageing.
Além do coordenador, a pesquisa envolveu outros seis pesquisadores, desde alunos de iniciação científica até doutorandos. “O apoio financeiro obtido junto ao PPSUS foi crucial para o desenvolvimento do projeto, sem o qual não teríamos condições de realização”, relata o coordenador da pesquisa.
Por: Jéssica Trombini – Assessoria de Comunicação da FAPESC