O prazo de vigência no Brasil do Fundo Newton – o fundo de fomento à pesquisa e inovação em países emergentes do governo do Reino Unido – deverá ser estendido de três para cinco anos. O anúncio foi feito durante o encerramento do Fórum do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), realizado entre os dias 27 e 28 de agosto de 2015, em São Paulo.
Participantes no encontro – que reuniu representantes das FAPs dos 25 estados brasileiros, mais a do Distrito Federal – debateram os principais programas de parcerias internacionais existentes e novas oportunidades de cooperação.

Reunião de encerramento do fórum do CONFAP, com Robin Grimes.
Reunião de encerramento do fórum do CONFAP, com Robin Grimes. Foto: Divulgação/CONFAP

Um dos principais parceiros das FAPs é o Reino Unido, com destaque para o Fundo Newton. Lançado em abril de 2014 com o objetivo de promover o desenvolvimento social e econômico por meio da inovação, o Fundo  prevê aportes no Brasil de até £ 27 milhões entre 2014 e 2017, em mobilidade e intercâmbio de pesquisadores, pesquisa e inovação.
O fundo é implementado por meio de organizações parceiras, como os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK) e o Conselho Britânico. As FAPs, por meio do Confap, são parceiras da iniciativa no Brasil. A FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) participou de todos os editais lançados desde que a parceria foi firmada, a fim de auxiliar os pesquisadores catarinenses a desenvolverem estudos em parceria com britânicos.
“O aumento do prazo de vigência do Fundo Newton no Brasil não significa que os recursos previstos também aumentarão”, disse Diego Arruda, gerente do Fundo Newton.
“Isso significa que haverá mais chamadas do Fundo Newton no Brasil e os programas que foram estabelecidos e aprovados no âmbito poderão ter mais dois anos de duração”, explicou.
De acordo com Arruda, uma das razões para aumentar a vigência do fundo no Brasil – que é o terceiro dos 15 países apoiados com o maior volume de recursos do programa, atrás apenas da China e Índia – foi a avaliação positiva dos primeiros 15 meses de operação do acordo.
A primeira chamada do Fundo Newton no Brasil, lançada em setembro de 2014, recebeu mais de 300 submissões de propostas, das quais foram aprovadas 71.
O Brasil também apresentou o maior número de propostas para a chamada Brazil-Newton Researcher Links (BNRL) Workshop 2015, voltada a fornecer apoio financeiro para que pesquisadores em início de carreira, do Brasil e do Reino Unido, participem de workshops que permitam construir relações para futuras colaborações e estimular oportunidades de carreira.
A chamada recebeu 42 propostas de pesquisadores do Brasil, contra 32 da China, comparou Arruda. Até agora, 15 workhops já receberam apoio. “Conseguimos estabelecer boas parcerias com universidades e instituições de pesquisa brasileiras, as chamadas tiveram um bom retorno e vimos que o Fundo Newton teve uma boa ressonância no país. Isso fez com que o governo do Reino Unido visse que, de fato, o programa faz muito sentido para o Brasil”, disse Arruda.
Em setembro, o fundo lançará o primeiro edital em inovação para financiar projetos inovadores entre empresas brasileiras e britânicas nas áreas de água, resíduos e energia de baixo carbono.
“O aumento da vigência do Fundo Newton no Brasil possibilitará dar mais folêgo para a realização de projetos no âmbito do programa”, disse Sergio Luiz Gargioni, presidente do CONFAP e da FAPESC. “Nossa meta é que, passados os cinco anos de vigência do Fundo Newton, também consigamos estabelecer mais acordos de cooperação científica com o Reino Unido e com outros países”, afirmou.
Durante o encontro na FAPESP (Fudnação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o CONFAP assinou um termo de adesão ao Horizon 2020 – o maior programa de apoio à pesquisa e à inovação da Comunidade Europeia.
O programa prevê desembolsar, aproximadamente, € 80 milhões até 2020 para financiar projetos colaborativos de pesquisa e inovação com países da União Europeia.
“O programa Horizonte 2020 financiará pesquisas sobre temas como doenças negligenciadas, que também é uma das áreas apoiadas pelo Fundo Newton. Podemos aproveitar a experiência com o Fundo Newton nessa área para desenvolver projetos com apoio do Horizonte 2020”, disse Gargioni.
Diplomacia da ciência
A sessão do Fórum do CONFAP sobre a avaliação dos programas de cooperação internacional teve a participação de Robin Grimes, conselheiro-chefe para assuntos científicos do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
Durante o encontro, Grimes destacou que o Brasil é um parceiro muito importante em ciência, tecnologia e inovação para o Reino Unido, e que o país tem desempenhado um papel estratégico para o sucesso do Fundo Newton.
“O Fundo representa uma enorme oportunidade para que o Reino Unido e o Brasil estreitem suas relações científicas e maximizem o financiamento à pesquisa.”
“Queremos discutir possibilidades de aumentar a cooperação científica com o Brasil em uma série de áreas de interesse mútuo não só agora, mas para os próximos 30 anos”, afirmou.
 
Fonte: Agência FAPESP, adaptado